quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O que você está fazendo? What do you doing?


Falta tempo pra tanta coisa, a vida passa tão corrida.
Que termina nos faltando sentido para cada dia, o presente, o hoje, o agora...
A mente sempre viajando no depois, no que fazer mais tarde, nos sonhos que precisa realizar... no que falta, no que precisa conseguir... o Eu deixa de ser parte de um conjunto e perde-se o sentimento de pertencer...

Quando o edificar uma coluna, colocar um bloco em cima do outro, se torna apenas mais um trabalho, quando essa construção deixa de ser a realização de um sonho de outrem, o lar de uma família, um local seguro que as crianças poderão brincar... Pra ser simplesmente mais uma empreitada, mais uma diária que se vai ganhar, o cuidado é menor, o erro é só mais um erro, a tragédia por uma casa desmoronada é só mais um numero nas estatísticas, é uma porcentagem dentro da margem prevista.

Quando cuidar da saúde de uma pessoa, se torna apenas um prontuário, uma agenda detalhada a ser cumprida, mais um paciente com um diagnostico ruim, perde-se o sentido de estar ali, de se doar, de cuidar daquela vida com fôlego... Um pai de família, o filho de uma mãe aflita, o amor da vida de alguém com mil planos para o futuro, a avó que tanto acaricia o rosto de seu neto, a mãe de crianças que mal sabem a gravidade do momento, a filha única de um pai desesperado... Toda essa vida ofegante, toda essa vida multicores, com tanto sentimento e amor, se torna uma linha tão tênue e frágil em mãos impacientes por terminar as tarefas do dia. Tudo isso se torna apenas fatalidades, erros de uma enfermeira inexperiente, de um médico cansado, de uma burocracia hospitalar equivocada.

Quando atender um cliente é só mais uma meta a se cumprir, quando se faz questão de esquecer a pessoa por trás daquele pedido, daquela necessidade de empréstimo para um aposentado, de um esforço enorme acumulado durante meses pra adquirir um produto, e o vendedor nem se importa de saber que aquele produto adquirido está com defeito de fábrica, porque milhões de clientes já reclamaram, mas dar de ombros, e vende de qualquer jeito, por se importar somente consigo mesmo. Quando se vende pão dormido por pão do dia. Quando se coloca os morangos bons em cima e esconde por de baixo os já apodrecidos... Quando a vontade de ganhar em cima do outro é maior do que a vontade de ser correto, e quer ganhar sempre que puder, sempre que se tem chance. A perda do outro se torna apenas mais uma reclamação na central de atendimento, o prejuízo do outro se torna apenas um resultado pela má escolha que ele fez, tornam-se cúmplices, mas sem um pingo de arrependimento. Sempre podemos ser melhores, sempre podemos fazer a escolha certa.

Quando somos indiferentes ao que se passa ao nosso lado, quando sempre escolhemos a neutralidade do que a defesa pela causa mais nobre. Quando escolhemos enganar, manipular, iludir, maquiar pra se conseguir o que quer, a nossa imagem é deturpada, é corrompida da imagem do Criador em nós. Deus, os anjos, querubins e serafins, ficam de plateia, torcendo pra aqueles que sabem fazer o bem, o façam. Para que aqueles que têm, compartilhem com os que têm tão pouco, torcem e as vezes ficam de pé, na esperança da verdade ser dita, mesmo quando se há exposição e constrangimento, mesmo que haja alguma perda.

Deus sorri, quando o pai olha para trás, justamente na hora que seu filho está de braços abertos pra receber seu carinho, e volta do seu caminho pra abraçá-lo.
Deus sorri, quando alguém com todos os motivos pra dizer não, pra separar, pra seguir outro caminho, e mesmo assim escolhe o perdão, o caminhar juntos.
Deus sorri, quando há amizade verdadeira, quando existe um beijo sincero, quando a vontade de amar o outro é maior que seus defeitos, quando paramos em meio a correria da nossa vida, pra ouvir, pra visitar, pra ajudar, pra ligar, pra fazer um bolo só pelo prazer de compartilhar, quando cuidamos uns dos outros, da natureza que Ele criou, dos seres humanos que Ele esculpiu com suas próprias mãos.

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